quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Notas sobre o "Tratado sobre os princípios do conhecimento humano" de George Berkeley



Definição do que é filosofia para Berkeley - "O desejo da sabedoria e da verdade."

Os que se dedicam a filosofia possuem vantagens que os que não se dedicam não possuem.

A maior parte da humanidade é guiada pelo senso comum, e por isso não desconfiam do que lhes é familiar.

Há dificuldades para aqueles que querem viver de acordo com um princípio superior. A causa das dificuldades qual seria? A obscuridade das coisas ou a natural fraqueza e imperfeição do nosso conhecer?

O problema não está em nossas faculdades, mas em nosso mal uso delas.

Deus não nos daria um forte desejo de conhecimento se não o tivesse colocado a nosso alcance, se não tivessemos meios para satisfezer nossos apetites intelectuais.

Nós é que provocamos nossas maiores dificuldades.

Temos de buscar a resposta nos primeiros principios do conhecimento humano. Verificar os falsos principios que causam dificuldades e que devemos rejeitar.

A tarefa de ir aos primeiros principios de conhecimento não é facil, mas devemos arriscar, ainda que muitos não tenham conseguido.
É preciso verificar inicialmente a natureza e o abuso da linguagem. O problema é que muitos dizem que é possível construir idéias abstratas.As qualidades existem nos objetos e não fora deles! Apesar disso o espírito procura fazer abstrações. Mas como extrair extensão, cor e movimento dos objetos? Existe a extensão das extensões, a cor das cores e o movimento dos movimentos?

sábado, 1 de novembro de 2008

Filósofo do Mês: Friedrich Schelling


"Toda essa ideia de uma felicidade como recompensa - que outra coisa seria, portanto, senão uma ilusão moral: um título de crédito com o qual se compra de ti, homem empírico, os teus prazeres sensíveis de agora, mas que só é pagável quando tu mesmo não precisas mais do pagamento. Pensa sempre nessa felicidade como um todo de prazeres que são análogos aos prazeres sacrificados agora. Ousa, apenas, dominar-te agora; ousa o primeiro passo de criança em direção à virtude: o segundo já se tornará mais fácil para ti. Se continuares a progredir, notarás com espanto que aquela felicidade que esperavas como recompensa do teu sacrifício, mesmo para ti não tem mais nenhum valor. Foi intencionalmente que se colocou a felicidade num ponto do tempo em que tens de ser suficientemente homem para te envergonhares dela. Envergonhar, digo eu, pois, se nunca chegas a sentir-te mais sublime do que aquele ideal sensível de felicidade, seria melhor que a razão jamais te tivesse falado.
É exigência da razão não precisar mais de nenhuma felicidade como recompensa, tão certo quanto é exigência tornar-se mais conforme à razão, mais autónomo, mais livre. Pois, se a felicidade ainda pode recompensar-nos - a não ser que se interprete o conceito de felicidade contrariamente a todo o uso da linguagem -, ela é então uma felicidade que não é trazida, já, pela própria razão (pois como poderiam razão e felicidade jamais coincidir?), uma felicidade que, justamente por isso, aos olhos de um ser racional, não tem mais nenhum valor. Deveríamos, diz um antigo escritor, considerar que os deuses imortais são infelizes porque não possuem capitais, bens territoriais, escravos? Não deveríamos, antes, exaltá-los como os únicos bem-aventurados, justamente porque são os únicos que, pela sublimidade da sua natureza, já estão despojados de todos aqueles bens? - O mais alto a que podem elevar-se as nossas ideias é manifestamente um ser que, com auto-suficiência absoluta, frui somente do seu próprio ser, um ser que cessa toda a passividade, que não é passivo em relação a nada, nem mesmo em relação a leis, que age com liberdade absoluta, apenas em conformidade com o seu ser, e cuja única lei é a sua própria essência." ( Friedrich Schelling, 'Sobre o Dogmatismo e o Criticismo' )