terça-feira, 28 de maio de 2013
TRABALHO DE FILOSOFIA 2° BIMESTRE - 2° ANO DO ENSINO MÉDIO
TRABALHO DE FILOSOFIA – 2º ano do Ensino Médio
I - A causa do erro e como evitá-lo
Excerto do livro “Meditações Metafísicas”(Quarta meditação),do filósofo René Descarte.
“E, em seguida, olhando-me de mais perto e considerando quais são meus erros ( que apenas testemunham haver imperfeição em mim), descubro que dependem do concurso de duas causas, a saber, do poder de conhecer que existe em mim e do poder de escolher, ou seja, meu livre-arbítrio; isto é, de meu entendimento e conjuntamente de minha vontade. Isso porque só pelo entendimento não asseguro nem nego coisa alguma, mas apenas concebo as idéias das coisas que posso assegurar ou negar. Ora, considerando-o assim precisamente, pode-se dizer que jamais encontraremos nele erro algum, desde que se torne a palavra “erro” em sua significação própria. E, ainda que haja talvez uma infinidade de coisas neste mundo das quais não tenho idéias alguma em meu entendimento, não se pode por isso dizer que ele seja privado dessas idéias como de algo que seja devida à sua natureza, mas somente que não as tem; porque, com efeito, não há razão alguma capaz de provar que Deus devesse dar-me uma faculdade de conhecer maior e mais ampla do que aquela que me deu; e, por hábil e engenhoso operário que eu mo represente, nem por isso devo pensar que devesse pôr em cada uma de suas obras todas as perfeições que pôde pôr em algumas. Tampouco posso me lastimar de que Deus não me tenha dado um livre-arbítrio ou uma vontade bastante ampla e perfeita, visto que, com efeito, eu a experimento tão vaga e tão extensa que ela não está encerrada em quaisquer limites. (...) De tudo isso reconheço que nem o poder da vontade, o qual recebi de Deus, é em si mesmo a causa de meus erros, pois é muito amplo e muito perfeito na sua espécie;nem tampouco o poder de entender ou de conceber: pois, nada concebendo senão desse poder que Deus me conferiu para conceber, não há duvida de que tudo o que concebo, concebo como é necessário e não é possível que nisso me engane. Donde nascem, pois meus erros? A saber, somente de que, sendo a vontade muito mais ampla e extensa que o entendimento, eu não a contenho nos mesmos limites, mas estendo-a também às coisas que não entendo; das quais, sendo a vontade por si indiferente, ela se perde muito facilmente e escolhe o mal pelo bem ou o falso pelo verdadeiro. O que faz com que eu me engane e peque.(...) Ora, se me abstenho de formular meu juízo sobre uma coisa, quando não a concebo com suficiente clareza e distinção, e evidente que utilizo muito bem e que não estou enganado; mas, se me determino a negá-la ou a assegurá-la, então não me sirvo como devo de meu livre-arbítrio; se garanto o que não é verdadeiro, é evidente que me engano, e até mesmo, ainda que julgue segundo a verdade, isso não ocorre senão por acaso e eu não deixo de falhar e de utilizar mal o meu livre-arbítrio; pois a luz natural nos ensina que o conhecimento do entendimento deve sempre preceder a determinação da vontade.”
Responda as questões:
1. O que testemunham os erros de Descartes?
2. Do concurso de quais causas depende o erro?
3. O que é concebido pelo entendimento?
4. A natureza do nosso entendimento é limitada ou ilimitada? Justifique com um trecho do texto.
5. A natureza da nossa vontade é limitada ou ilimitada? Justifique com um trecho do texto.
6. Explique onde nascem os erros.
7. Como usamos mal nosso livre arbítrio?
II - Cérebro numa cuba
“Não tenho corpo. Tudo o que sou é um cérebro a flutuar numa cuba de produtos químicos. Um cientista perverso ligou de tal forma fios ao meu cérebro que tenho a ilusão da experiência sensorial. O cientista criou uma espécie de máquina de experiências. Do meu ponto de vista, posso levantar-me e dirigir-me à loja para comprar um jornal. Contudo, quando faço isto, o que está realmente acontecendo é que o cientista está estimulando certos nervos do meu cérebro de maneira a que eu tenha a ilusão de fazer isto. Toda a experiência que penso provir dos meus cinco sentidos é na verdade o resultado do que este cientista perverso esta estimulando no meu cérebro desencarnado. Com esta máquina de experiências o cientista pode fazer com que eu tenha qualquer experiência sensorial que poderia ter na vida real. Através de um estímulo complexo dos nervos do meu cérebro o cientista pode dar-me a ilusão de estar assistindo televisão, correndo numa maratona, escrevendo um livro, comendo massa ou qualquer outra coisa que eu poderia fazer.” (Nigel Warburton, Elementos básicos de Filosofia, 2ª edição, Lisboa, 2007, pág. 158.) A história do cérebro numa cuba é uma experiência mental, tal como imaginar que a vida é um sonho ou a hipótese do Génio Maligno, de Descartes. Essas experiências mentais sugerem que podemos estar muito enganados em relação ao mundo e a nós próprios e que o conhecimento que julgamos ter é, afinal, uma ilusão. Claro que não acreditamos que as coisas se passem dessem modo: acreditamos que as coisas são realmente semelhantes ao modo como as percebemos e acreditamos que temos realmente conhecimento. Acreditamos - mas será que sabemos? Sabemos que a nossa vida é real e não uma ilusão ou apenas acreditamos nisso, tal como algumas pessoas acreditam em Deus e outras que vão ganhar a lotaria? É que para saber algo não basta ter uma crença – no mínimo, é também necessário que a crença seja verdadeira e esteja justificada. Como podemos justificar a nossa crença de que a vida não é um sonho ou que não somos apenas cérebros numa cuba iludidos por um cientista perverso qualquer? Responda com base nas aulas ministradas sobre René Descartes.
III - O PEDAÇO DE CERA
“Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba de ser tirado da colméia: ele não perdeu ainda a doçura do mel que continha, retém ainda algo do odor das flores de que foi recolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, são patentes; é duro, é frio, tocamo-lo e, se nele batermos, produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem distintamente fazer conhecer um corpo encontram-se neste. Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar e, embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece após essa modificação? Cumpre confessar que permanece: e ninguém o pode negar. O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não pode ser nada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição, encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece.” (DESCARTES, René. Meditações. Trad. De Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 272.)
Com base no texto, é correto afirmar que para Descartes:
a) Os sentidos nos garantem o conhecimento dos objetos, mesmo considerando as alterações em sua aparência.
b) A causa da alteração dos corpos se encontra nos sentidos, o que impossibilita o conhecimento dos
mesmos.
c) A variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos revela que o conhecimento destes excede o conhecimento sensitivo.
d) A constante variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos comprova a inexistência dos mesmos.
e) A existência e o conseqüente conhecimento dos corpos têm como causa os sentidos.
IV - O mundo de Sofia
De Jostein Gaarder
Cia. das Letras, São Paulo, 1998 -Tradução de João Azenha Jr. - Capítulo 18 (Excerto) –Descartes -(Páginas 252-262.)
Alberto levantou-se, tirou a capa vermelha, colocou-a sobre uma cadeira e acomodou-se novamente no sofá.
— René Descartes nasceu em 1596 e durante toda a sua vida viajou muito pela Europa. Ainda jovem, ele manifestou o desejo fervoroso de conhecer a natureza do homem e do universo. Mas, depois de estudar filosofia, conscientizou-se sobretudo de sua própria ignorância.
— Mais ou menos como Sócrates?
— Mais ou menos. Também como Sócrates, ele estava convencido de que a razão era o único meio de se chegar a um conhecimento seguro. Não devemos confiar no que lemos em livros antigos e não podemos confiar sequer no que os nossos sentidos nos dizem.
— Platão também achava a mesma coisa. Ele dizia que só por meio da razão podíamos chegar a um conhecimento seguro.
— Exatamente. De Sócrates e Platão parte uma linha direta até Descartes, passando por santo Agostinho. Todos eles eram racionalistas convictos. Para eles, a razão era a única fonte segura de conhecimento. Depois de muito estudar, Descartes chegou à conclusão de que não podia confiar muito no conhecimento herdado da Idade Média. Nesse sentido, talvez possamos compará-lo a Sócrates, que não confiava nas idéias amplamente difundidas em sua época pelas ruas de Atenas. O que fazer num caso desses, Sofia? Você pode me dizer?
— A gente tem de começar a criar a sua própria filosofia.
— Exatamente. Descartes decidiu percorrer toda a Europa, assim como Sócrates, em sua época, passou a vida conversando com as pessoas em Atenas. O próprio Descartes conta que seu objetivo passou a ser a procura por um conhecimento que ele podia encontrar dentro de si mesmo ou “no grande livro do mundo”. (...) Descartes, porém, estabeleceu este ponto como o marco zero para a sua reflexão. Ele chegou à conclusão de que a única coisa sobre a qual podia ter certeza era a de que duvidava de tudo. E foi então que compreendeu o seguinte: se havia um fato de que ele podia ter certeza, este fato era o de que ele duvidava de tudo. Se ele duvidava, isto significava que ele pensava. E se ele pensava, isto significava que ele era um ser pensante. Ou, como ele mesmo dizia: “Cogito, ergo sum”.
— E o que significa isto?
— Penso, logo existo.
— Não me surpreende nada que ele tenha chegado a esta conclusão.
— Pode ser. Mas note bem com que certeza intuitiva ele de repente se percebe como um ser pensante. Talvez você ainda se lembre de que Platão considerava mais real a existência daquilo que percebemos com nossa razão do que daquilo que percebemos com nossos sentidos. Para Descartes era a mesma coisa. Ele não apenas entende que é um Eu pensante, mas entende, ao mesmo tempo, que este Eu pensante é mais real do que o mundo físico que percebemos através de nossos sentidos. E a partir daí ele vai mais adiante, Sofia. Descartes está longe de concluir sua pesquisa filosófica.
— Então vamos continuar…
— Descartes pergunta-se, então, se esta mesma certeza intuitiva pode levá-lo a saber mais do que o fato de que é um ser pensante. Ele reconhece que também possui uma clara e nítida idéia do que seja um ser perfeito. Trata-se de uma idéia que ele sempre teve e para Descartes é evidente que tal noção não poderia vir dele próprio. Descartes afirmava que a noção do que fosse um ser perfeito não poderia brotar espontaneamente de um ser imperfeito. Assim, a noção de um ser perfeito tinha de vir, naturalmente, de outro ser perfeito. Em outras palavras: tinha de vir de Deus. Para Descartes, portanto, a existência de Deus é algo tão evidente quanto o fato de que alguém que pensa é um ser, um Eu pensante.
— Acho que agora ele está sendo um pouco precipitado ao tirar suas conclusões. Ele que, no começo, tinha sido tão cuidadoso!
— É verdade. Muitos chegaram mesmo a apontar isto como sendo justamente o ponto mais fraco de Descartes. Mas você disse “conclusões”. Na verdade, não se trata aqui se provar coisa alguma. Descartes está dizendo apenas que todos nós temos uma idéia do que seja um ser perfeito e que nesta própria idéia está embutido o fato de que este ser perfeito deve existir. Pois um ser perfeito não seria perfeito se não existisse. Além disso, não teríamos uma idéia do que seja um ser perfeito se tal ser não existisse. Isto porque somos imperfeitos e, por isso, a idéia de perfeição não pode brotar de nós mesmos assim, espontaneamente. A idéia de um Deus é, segundo Descartes, uma idéia inata, que nos é “plantada”, por assim dizer, no momento em que nascemos, “como a marca que o artista coloca em sua obra”, conforme ele mesmo escreve.
— Mas mesmo que eu tenha uma idéia do que possa ser um crocofante, isto não significa que existam crocofantes.
— Descartes teria dito que a existência de um crocofante não é inerente ao conceito “crocofante”, ao passo que a existência de um ser “perfeito” é inerente ao conceito de “ser perfeito”. Para Descartes, isto é tão certo quanto é inerente à própria idéia de um círculo o fato de todos os pontos deste círculo estarem à mesma distância de seu centro. Você não pode estar falando de um círculo, portanto, se a figura sobre a qual você fala não atender a esta premissa. Da mesma forma, você não pode falar de um ser perfeito se a ele falta a mais importante de todas as características: a existência.
— Mas esta é uma forma muito especial de pensar.
— Esta é uma forma de pensar marcadamente “racionalista”. Como Sócrates e Platão, Descartes via uma relação entre o pensamento e a existência. Quanto mais evidente uma coisa é para o pensamento, tanto mais certo é o fato de ela existir.
— Bem, até agora ele reconheceu que é um ser pensante e que existe um ser perfeito.
— E a partir daí ele prossegue. Todas as noções que temos da realidade exterior, como o Sol e a Lua, por exemplo, poderiam não passar de imagens oníricas. Mas a realidade exterior também possui características que podemos conhecer por meio de nossa razão. Por exemplo, as relações matemáticas, ou seja, o que pode ser medido: comprimento, largura e profundidade. Essas propriedades quantitativas são tão evidentes para a razão quanto o fato de que sou um ser pensante. Já as propriedades qualitativas, tais como cor, odor e sabor, estão relacionadas aos nossos sentidos e não descrevem, na verdade, uma realidade exterior.
— Quer dizer que a natureza não passa de um sonho?
— Não, e neste ponto Descartes retoma nossa idéia de um ser perfeito. Quando nossa razão reconhece alguma coisa com clareza e nitidez, isto significa que a coisa reconhecida corresponde exatamente à forma como nossa razão a percebeu. Pois um Deus perfeito não iria querer nos pregar peças. Descartes invoca a “garantia de Deus” para o fato de que tudo aquilo que reconhecemos por meio de nossa razão corresponde a uma realidade.
— Muito bem. Então ele já chegou à conclusão de que é um ser pensante, de que Deus existe e de que também existe uma realidade exterior.
— Só que entre a realidade exterior e a realidade dos pensamentos existe uma diferença fundamental. Descartes pode, então, tomar como ponto de partida o fato de que existem duas formas distintas de realidade, ou duas substâncias. A primeira substância é o pensamento, ou a alma, a outra é a extensão, ou a matéria. A alma é consciência pura, não ocupa lugar no espaço e, portanto, não pode ser decomposta em unidades menores. A matéria, ao contrário, é só extensão, ocupa lugar no espaço e pode por isso ser decomposta em partes menores, mas não possui consciência. Descartes diz que ambas as substâncias provêm de Deus, pois só Deus existe independentemente de qualquer outra coisa. Mas ainda que pensamento e extensão provenham de Deus, trata-se de duas substâncias completamente independentes uma da outra. O pensamento é livre na sua relação com a matéria, e vice-versa: os processos materiais também operam de forma totalmente independente.
— E assim a criação de Deus foi dividida por dois.
— Exatamente. Chamamos Descartes de dualista, o que significa que ele estabelece uma nítida linha divisória entre a realidade material e a espiritual. Por exemplo, só o homem tem uma alma. Os animais pertencem completamente à realidade material. Sua vida e seus movimentos são absolutamente mecânicos. Descartes considerava os animais uma espécie de máquinas complicadas. Também no que se refere à realidade material, portanto, sua noção de realidade era absolutamente mecanicista. Exatamente como os materialistas.
— Duvido muito que meu cachorro Hermes não passe de uma máquina ou de uma espécie de robô. Certamente Descartes não gostou nunca de um animal. E nós? Também nós somos autômatos?
— Sim e não. Descartes chegou à conclusão de que o homem é um ser dual, que tanto pensa quanto ocupa lugar no espaço. O homem possui, portanto, uma alma e um corpo físico. Santo Agostinho e são Tomás de Aquino já haviam formulado algo parecido. Eles acreditavam que o homem possuía um corpo, como os animais, mas também um espírito, como os anjos. Descartes considerava o corpo humano o resultado de uma mecânica arrojada. Tecnologia de ponta, como diríamos hoje. Mas o homem possui também uma alma capaz de operar independentemente de seu corpo. Os processos do corpo não possuem tal liberdade, pois obedecem às suas próprias leis. Mas aquilo que percebemos com nossa razão não acontece no corpo, e sim na alma, na mente, independentemente da realidade material
— Já conversamos sobre isso. Quando decido correr até o ônibus, toda a “máquina” se põe em movimento. E se apesar disso perco o ônibus, começo a chorar.
— Nem mesmo Descartes podia contestar o fato de que quase sempre ocorre uma interação entre alma e corpo. Para ele, enquanto a alma habita o corpo ela está ligada a ele por um órgão muito especial, uma glândula localizada no cérebro, dentro da qual ocorre esta constante interação entre espírito e matéria. Assim, para Descartes, a alma era constantemente perturbada por sentimentos e sensações que tinham a ver com as necessidades do corpo. Mas o objetivo deve ser entregar à alma o controle de tudo, pois, independentemente de serem fortes minhas dores de barriga, a soma dos ângulos de um triângulo será sempre de 180º. Desta forma, o pensamento pode se elevar para além das necessidades do corpo e se comportar “racionalmente”. Deste ponto de vista, a alma é totalmente independente do corpo. Nossas pernas podem envelhecer e se tornar fracas, nossas costas podem se curvar e nossos dentes começar a cair, mas a soma de dois mais dois será sempre quatro, enquanto em nós restar um lampejo de razão. Pois a razão não envelhece nem se debilita. Nosso corpo, ao contrário, sim. Para Descartes, a alma é a própria razão. Os afetos e sensações menos elevados, tais como desejo e ódio, estão intimamente ligados às funções do corpo e, portanto, a uma realidade material.
— Não consigo aceitar com facilidade o fato de Descartes comparar o corpo com uma máquina ou com um autômato.
— O motivo desta comparação é o fato de que na época de Descartes as pessoas estavam totalmente fascinadas pelas máquinas e pelas engrenagens dos relógios, que pareciam funcionar sozinhos. A palavra “autômato” designa exatamente alguma coisa que se movimenta por si mesma. Só que é claro que o fato de elas funcionarem por si mesmas não passava de uma ilusão. Um relógio astronômico, por exemplo, é construído e recebe corda das mãos do homem. Descartes dizia que tais aparelhos artificiais eram constituídos simplesmente por algumas poucas peças, se comparados com a quantidade de ossos, músculos, nervos, artérias e veias de que se compõe o corpo de homens e animais. Por que, então, Deus não seria capaz de construir o corpo de homens e animais com base em leis mecânicas?
— Hoje em dias muitas pessoas falam da “inteligência artificial”.
— Sim, elas estão pensando nos autômatos de nossa época. Construímos máquinas que às vezes realmente nos convencem de sua inteligência. Tais máquinas certamente teriam colocado em pânico o nosso Descartes. Talvez ele tivesse se perguntado se a razão humana seria realmente tão livre e independente quanto ele pensava. Pois há filósofos que consideram a vida da alma humana tão pouco livre quanto os processos do corpo. É claro que a alma de uma pessoa é infinitamente mais complicada do que qualquer programa de computador, mas há os que acham que em princípio somos tão dependentes quanto tais programas.
1.Que paralelos há entre Sócrates e Descartes?
2. Explique a expressão “penso, logo existo”.
3. Como Descartes provou a existência de Deus?
4.O que significa ser “dualista”?
5.O que pensava Descartes acerca dos animais?
6.Que significa o homem ser “dual”?
7.De que maneira o corpo pode ser comparado as maquinas e engrenagens do relógio?
V – Termo do Dicionário Descartes
"OPINIÕES PRECONCEBIDAS: Descartes utiliza essa expressão quase como um termo técnico(em latim, praejudicia, literalmente "preconceitos"), para referir-se ao lastro de crenças, amiúde irrefletidas, que todos trazemos conosco antes de comerçamos a pensar filosoficamente. "Uma vez que começamos a vida como criançase fizemos vários juízos acerca das coisas perceptiveis pelos sentidos antes de dispormos do uso da razão, existem muitas opiniões preconcebidas que nos impedem de conhecer a verdade...O único meio de nos livrarmos dessas opiniões é tomar a iniciativa de duvidar , uma vez no curso da vida,de tudo aquilo que notarmos a menos suspeita de incerteza"(Princípios de filosofia). Os dois grandes elementos geradores de opiniões preconcebidas são, para Descartes, primeiramente a confiança na tradição e na autoridade em lugar do uso natural que trazemos em nós."(A busca da verdade)e, em segundo lugar,os produtos dos sentidos, que frequentemente, demonstram não ser confiáveis(Primeira Meditação). A elminação das ideias preconcebidas é o primeiro passo no projeto cartesiano para a construção de um novo edifício de Conhecimento confiável."
(Dicionário Descartes, John Cottingham, Jorge Zahar Editor)
1.A que se refere Descartes quando utiliza a expressão “opiniões preconcebidas”?
2.Qual a única maneira de se livrar das opiniões preconcebidas?
3.Quais os dois elementos geradores das opiniões preconcebidas?
4.Qual o primeiro passo no projeto cartesiano para a construção de um novo edifício de conhecimento confiável?
domingo, 19 de maio de 2013
QUESTÕES DO FILME INTOCÁVEIS
1. Que contrastes podemos observar entre Philippe e Driss?
2. Por que Philippe contratou Driss e acabou gostando muito de seu trabalho de assistente pessoal?
3. De que maneira o trabalho com Philippe mudou a vida de Driss?
4. Que valor ou valores éticos são mostrados no filme? Justifique.
5. Conforme o filme, como podemos lidar com as “diferenças” e encarar nossos “limites”?
Questões do filme “O Primeiro Mentiroso”
1. O que levou Mark a inventar a primeira mentira?
2. De que maneira a mentira se fez necessária para melhorar aquele mundo?
3. Qual o problema de um mundo onde só se fala a verdade?
4. Qual o papel da religião para aquelas pessoas?
5. Ao final do filme “O Mentiroso” de Jim Carrey a verdade é vista como a melhor política. Diferente deste, como conclui o filme “O Primeiro Mentiroso”?
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