segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Lições em Leibniz



Gottfried Wilhelm Leibniz(1646-1716), alemão de nascimento, foi um dos maiores filósofos modernos, com sua filosofia otimista e conciliadora escreveu grandes obras que trazem importantes legados para o pensamento dos nossos dias. Uma de suas obras inspiradoras é "Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano"(1701-1704), escrita em forma de diálogos(estilo de Platão) constando em dois volumes. No primeiro estão "As Noções Inatas" e "As Idéias", e no segundo estão "As Palavras" e "O Conhecimento". Este livro parte de críticas sobre as idéias de outro filósofo, John Locke, que escrevera "Ensaio sobre o Entendimento Humano". Conforme sua própria descrição,Leibniz posiciona-se em Platão enquanto Locke em Aristóteles, ainda que ambos não concordem integralmente com tudo o que os filósofos gregos ensinem. No quesito teoria do conhecimento temos então que Leibniz é idealista e Locke empirista, isso equivale dizer que enquanto que para o primeiro existem idéias inatas, para o segundo as idéias surgem com a experiência.

Ainda que Leibniz discorde de muitos dos posicionamentos de Locke, com todo tato e maestria não utiliza de artíficios para denigrir a filosofia deste afim de que a sua se sobressaia, atitude muito comum em alguns escritores dos nossos dias, mas reconhece a contribuição de Locke bem como sua seriedade e amor pela verdade.

sábado, 1 de setembro de 2007

Amizade...é possível!


Quem de nós nunca precisou da ajuda de outros? É triste constatar que existem pessoas que ainda se julgam auto-suficientes.A verdade é que todos nós precisamos de ajuda de vez em quando - para enfrentar um problema grave, suportar uma perda dolorosa ou agüentar uma provação difícil. Quando precisam de ajuda, muitos recorrem a um amigo que se importa com eles. Conversar com um amigo assim pode tornar o problema mais fácil de suportar. Mas quem está diposto a ser de fato amigo? 'Amigo' é pequena palavra, mas com profundo significado. Dia desses estava conversando com minha irmazinha acerca da importância da amizade, e disse que existem dois amigos que nunca nos decepcionam: um bom livro e Deus.Ao que minha irmã retrucou indagando se os humanos também nãopoderiam ser amigos. Então respondi: entendo que o amigo humano que procuramos é aquele que gosta do que você gosta, sente como você sente, pensa como você pensa, age como você age, e está ao seu lado para o que der e vier. Quem se qualifica para tal? Apesar disso, ser amigo não é um 'bicho-de-sete-cabeças.Já ouvi uma frase que diz que aquele que quer amigos, deve primeiro se tornar um. O passo mais importante então é querer ser. Quanto a corresponder áquele com quem se quer fazer amizade, isso requer amor e esforço, nada que para uma boa amizade não valha a pena.

Pensando poeticamente


Já me resignei a 'não ser'

Porque 'ser' é sofrer

'Ser' é buscar e não encontrar

'Ser' é sonhar e não realizar

'Ser' é esperar e não alcançar

'Ser' é acreditar e se decepcionar

'Ser' é viver mas não sentir

'Ser' é amar e não ser amado

'Ser' é falar e não ser ouvido

'Ser' é observar e não ser notado

'Ser' é querer amigos e não ter amigos

'Ser' é compreendere não ser compreendido

'Ser' é pensar conhecer, mas ignorar

Se pudesse 'não ser', não seria

Que então fazer?

Deixar a vida?

Não sei, e se sei que não sei, sei que sou 'ser'!

Ira, é razoável?


'Ira' é descrita nos dicionários como 'cólera', 'raiva contra alguém ou algo' e 'desejo de vingança'. Todo o homem alguma vez na vida já se sentiu irado, alguns são tomados pela ira quando são tratados rispidamente, outros quando são ignorados, e ainda outros quando se sentem lesados em seus direitos. O indivíduo irado sente-se como que entalado, sufocado por algo, a ponto de “explodir”. Se não explode de imediato, acaba carregando esse sentimento e descontando em outros e em outras situações posteriores.Durante a semana que passou experiênciei duas situações em que me vi possuído por esse sentimento. Percebo como na concepção spinosiana que 'o verdadeiro conhecimento é o conhecimento das causas', portanto, comecei a refletir acerca das origens da ira.Seria este sentimento latente na minha alma, procurando apenas ocasião para desabrochar? Ou foi apenas gerado por algum objeto exterior? Podemos qualificar a ira em "pura" ou "pecaminosa" conforme a noção teológica cristã, que distingue a primeira da segunda pela semelhança com a postura divina sobre o pecado ou mal, ou seja: a ira só é valida se é voltada contra o pecado, do contrário deve ser negada(mortificação do eu). Estaria correto a metodologia de reprimir as paixões conforme a ética platônica e aconcepção paulina, nesse caso negando a ira? Justifica-se um sentimento que faz mais mal a nós do que a pessoa com quem estamos irado? Como lidar de forma adequada com ela? Nega-la não seria na verdade afirma-la? Ignora-la não a tornaria mais forte? O que nos deixa muito irado? É razoável a ira que manifestamos? Essas são perguntas que podemos fazer a nós mesmos...

Razão e Cristianismo


Em teologia aprendemos que ao ser criado, o homem tinha inteligência suficiente para pensar, raciocinar e falar, para tirar conclusões e tomar decisões. Isso nos leva a entender o sentido das palavras 'imagem e semelhança' divina.Em outras palavras, o homem era um ser racional. Nisso ele diferia de todos os animais irracionais, cujo principal principio motor é o chamado instinto. Instinto é uma propensão anterior à experiência e independente da instrução. É um impulso cego e não-meditativo que leva os animais a fazer certas coisas sem saberem por que o fazem e sem se importarem em melhorar a maneira de fazê-las. Por conseguinte, os atos instintivos dos animais se processam com inalterável uniformidade, não havendo melhoria neles. De todos os animais inferiores temos de dizer que são irracionais. A diferença entre eles e o homem é tão grandemente afastada como os polos. Isso é evidente porque os homens são objetos próprios do governo moral, e sem uma natureza racional não poderiam ser considerados responsáveis. Os governos humanos reconhecem ssa faceta da questão, pois não reponsabilizam idiotas ou lunáticos. O motivo disso é que nos lunáticos os poderes racionais nunca foram suficientemente desdobrados para fornecer uma base para a reponsabilidade moral. Nas Escrituras Gregas Cristãs, conforme também vemos em teologia, um dos característicos de desvio da humanidade é o comportamento animalesco, sendo designados os que seguem os instintos e não a razão, como 'animais irracionais'.Ao escrever aos cristãos de Roma, Paulo discorre acerca do 'culto racional', tão diferente das religiões de mistérios e rivais do cristianismo, sendo uma delas, o gnosticismo, que em diversas epístolas desse e de outros apóstolos foi combatida acirradamente.Parece-nos que o cristianismo em termos da relação com a razão não tem muito a dever à filosofia.

O que é dogmatismo?


Dogmatismo vem da palavra grega "dogma", que significa 'uma opinião estabelecida por decreto e ensinada como uma doutrina, sem contestação.' Por ser uma opinião decretada ou uma doutrina insquestionável, um dógma é tomado como uma verdade que não pode ser contestada e nem criticada, como acontece, por exemplo, na nossa vida cotidiana, quando diante de uma pergunta ou de uma dúvida que apresentamos, nos respondem: "É assim porque é assim e porque tem de ser assim."O dogmatismo é uma atitude autoritária e submissa. Autoritária porque não admite dúvida, contestação e crítica. Submissa porque se curva as opiniões estabelecidas.

Filósofo do mês: Arthur Schopenhauer


"A vida é curta, mas a verdade vai longe e tem vida longa; falemos a verdade."
"Nada é mais provocante, quando estamos discutindo com um homem usando reflexões e explicações e fazendo esforços para convencê-lo, do que descobrir, no final das contas, que ele não quer compreender, que temos que nos entender com a vontade dele."
"A compreensão do mais estúpido dos homens, se torna aguçada quando se trata de objetos queinteressam de perto aos seus desejos."
"Nosso espírito é um ser de uma natureza realmente indestrutível, e sua atividade continua de eternidade a eternidade. É como o sol, que parece se pôr aos nossos olhos terrenos, mas que, na realidade, nunca se põe, antes brilhando sem cessar."
"A verdadeira filosofia da história está em perceber que, em todas as intermináveis mudanças e heterogênea complexidade de eventos, é apenas o mesmíssimo ser inalterável que está diante de nós, que hoje persegue os mesmos fins que perseguia ontem e perseguirá sempre. O filósfo histórico tem, por isso, de reconhecer o caráter idêntico em todos os eventos(...), e, apesar de toda a variedade de circunstâncias especiais, de trajes, condutas e costumes, ver em toda parte a mesma Humanidade.(...)Ter lido Heródoto é, do ponto de vista filosófico, ter estudado bastante história.(...)O tempo todo e em toda parte o verdadeiro símbolo da natureza é o circulo, porque ele é o plano ou tipo de recorrência."
"A paixão satisfeita leva com freqüência à infelicidade do que à felicidade. Porque suas exigências muitas vezes conflitam tanto com o bem-estar pessoal do interessado, que o prejudicam."
"...se todos os males fossem eliminados e a luta acabasse de todo, o tédio se tornaria tão intolerável quanto a dor."
"...quanto mais distintamente o homem sabe- quanto mais inteligente ele for-, mais dor ele terá; o homem dotado de gênio sofre mais do que todos os outros."
"Os homens estão mil vezes mais preocupados em ficarem ricos do que em adquirirem cultura, embora seja inteiramente certo do que aquilo que um homem é contribui mais para sua felicidade do que aquilo que ele tem."
"nada nos protegerá tanto da compulsão externa quanto o controle de nós mesmos."

Diversão não é o ápice!


Divertimento faz parte da vida, mas não é tudo. É notório a futilidade daqueles que vêem no divertimento o 'ápice' da existência. Tal resulta no entorpecimento da mente e um viver pobre de significados mais profundos, constituindo indivíduos alienados, e não agentes trensformadores. Tendo isso em mente, deixo abaixo um pequenino trecho do livro 'Pensamentos' de Blaise Pascal que trata do assunto.'A única coisa que nos consola de nossas misérias é o divertimento, e, no entanto, essa é a maior das nossas misérias. É isso que nos impede, prinicipalmente, de pensar em nós, e que insensivelmente nos perde. Sem isso, estaríamos desgostosos, e esse desgosto nos levaria a buscar um modo mais sólido de sair dele. Mas o divertimento nos contenta e nos conduz insensivelmente à morte.'

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Vida, será que a valorizamos?


No livro 'Guia da Ética para o Homem Comum' o teólogo William Barclay escreve: "Visto que o homem foi feito à imagem de Deus, então tirar-llhe a vida significa destruir a coisa mais preciosa e santa do mundo." Sem levar em consideração a questão religiosa, podemos extrair da frase um ponto muito interessante. Vida -'a coisa mais preciosa do mundo'. Pergunto: É assim que nós pensamos? É a vida realmente a coisa mais preciosa do mundo? A julgar pelo comportamento das pessoas, fica claro que muitas não concordam com o teólogo. Milhões de vida foram tiradas e estão sendo extinguidas sem dó nem piedade por pessoas com alvos egoístas e sem consideração pelo bem-estar do próximo. Basta olharmos as duas grandes guerras mundiais, o ataque as torres gêmeas norte-americanas e o atual conflito no Iraque. Vale lembrar uma célebre frase de Immanuel Kant - "Todo homem deve ser respeitado como um fim absoluto em si mesmo; e constitui-se um crime contra a dignidade que lhe pertence como ser humano usá-lo como simples meio para alguma finalidade externa."

Filósofo do mês: Baruch Spinoza




"Com efeito, as coisas que ocorrem mais na vida e são tidas pelos homens como o supremo bem resumem-se, ao que se pode depreender de suas obras, nestas três: as riquezas, as honras e a concupiscência. Por elas a mente se vê tão distraída que de modo algum poderá pensar em qualquer outro bem. Realmente, no que tange à concupiscência, o espírito fica por ela de maneira possuído como se repousasse num bem, tornando-se de todo impossibilitado de pensar em outra coisa; mas após a sua fruição, segue-se a maior das tristezas, a qual, se não suspende a mente, pelo menos a perturba e a embota.Também procurando as honras e as riquezas, não pouco a mente se distrai, mormente quando são buscadas apenas por si mesmas, porque então serão tidas como o supremo bem, (...), a honra representa um grande impedimento pelo fato de precisarmos, para conseguí-la adaptar a nossa vida à opinião dos outros, a saber, fugindo do que os homens em geral fogem e buscando o que vulgarmente procuram.(...)Em verdade aquilo que o vulgo segue não só não traz nenhum remédio para a consevação de nosso ser mas até o impede e freqüentemente é causa de morte para aqueles que o possuem e sempre causa de perecimento para os que são possuídos por isso. Existem, de fato, muitos exemplos dos que, por causa de suas riquezas, sofreram a perseguição até a morte, e também daqueles que, para ajuntar tesouros, se expuseram a tantos perigos que afinal pagaram com a vida a pena de sua tolice. Nem menos numerosos são os exemplos dos que, para conseguir a honra ou defendê-la, muitíssimo sofreram. Por último, há inúmeros exemplos dos que aceleraram a sua morte pelo excesso de concupiscência.(...) O maior bem é o conhecimento da união da mente com a natureza.(...) Quanto mais a gente sabe, melhor compreende suas forças e a ordem da natureza; quanto mais compreende suas forças ou seu poder, melhor será capaz de dirigir a si mesma e estabelecer as leis para si mesma; e quanto compreender a ordem da natureza, mais facilmente terá condições de libertar-se de coisas inúteis; o método é este." (Spinoza - Tratado da Correção do Intelecto, páginas 108-110)

A diversão não é o ápice!


Divertimento faz parte da vida, mas não é tudo. É notório a futilidade daqueles que vêem no divertimento o 'ápice' da existência. Tal resulta no entorpecimento da mente e um viver pobre de significados mais profundos, constituindo indivíduos alienados, e não agentes trensformadores. Tendo isso em mente, deixo abaixo um pequenino trecho do livro 'Pensamentos' de Blaise Pascal que trata do assunto.'A única coisa que nos consola de nossas misérias é o divertimento, e, no entanto, essa é a maior das nossas misérias. É isso que nos impede, prinicipalmente, de pensar em nós, e que insensivelmente nos perde. Sem isso, estaríamos desgostosos, e esse desgosto nos levaria a buscar um modo mais sólido de sair dele. Mas o divertimento nos contenta e nos conduz insensivelmente à morte.'

A utilidade da Filosofia


O texto abaixo foi extraído do livro 'Convite à Filosofia', página 18, de Marilena Chaui, editora Ática, e vale a pena ser lido:"Qual seria, então, a utilidade da Filosofia? Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes."

Você é preconceituoso?


Não faz muito tempo, me senti vítima de preconceito, em contrapartida já fui muito preconceituoso, principalmente quando estava envolvido de 'corpo e alma' com a religião. Diante disso pergunto: Como perceber que está sendo preconceiuoso?É interessantenotar que a criança, na sua mais tenra idade, não abriga preconceitos. Somente durante os anos de formação da personalidade, com as idéias implantadas pelos pais,amigos, professores, pela mídia, religião, e a sociedade em geral que começam a se abrigar as primeiras noções preconceituosas, que muitas vezes vão se prolongar pelo resto da vida. Eis então o desafio: Faça a si mesmo as perguntas abaixo, e veja se está abrigando, mesmo sem perceber, certos preconceitos:1.Será que pressuponho que as pessoas de determinada formação étnica, região ou país têm características indesejaveis, tais como estupidez, preguiça ou avareza? (Muitas vezes piadas perpetuam esse tipo de preconceito, como exemplo: piada dos portugueses).2.Tenho a tendência de responsabilizar imigrantes ou pessoas de outro grupo étnico pelos problemas econômicos ou sociais do país?3.Se na região onde vivo existe inimizade histórica em relação a um povo, permito que isso me faça ter aversão às pessoas dessa nacionalidade?4.Sou capaz de encarar cada pessoa que conheço como um indivíudo- independente da cor da pele, cultura, sexo, religião ou raça?O preconceito magoa as pessoas e causa divisões, e como ouvi certa feita "se o preconceito é filho da ignorância, o ódio é quase sempre seu neto."

Os quatro níveis de aprendizagem


Há um tempo atrás pude ler um artigo muito interessante sobre ensino e aprendizagem, que remetia ao psicólogo Abraham Maslow que aponta quatro níveis de aprendizagem, acredito que vocês acharão interessante e poderão aplicar.

NIVEL 1 - O ponto inicial, o nível mais baixo, onde todos começam o aprendizado, é chamado de 'ignorância insconsciente', isto é, não temos conhecimento de nada, mas estamos inconscientes disso.

NIVEL 2 - O segundo nível chama-se 'ignorância consciente', aquele em que sabemos que não sabemos. E como se chega a ter essas consciência? Em alguns casos, chegamos a ela por informação de terceiros; em outros, nós mesmos a descobrimos.

NIVEL 3 - O terceiro nível é o do 'conhecimento consciente', aquele em que temos sempre em mente um conhecimento adquirido. Quando estamos aprendendo a dirigir, por exemplo, dirigimos sempre pensando nos movimentos que temos de fazer.

NIVEL 4 - O último nível é o do 'conhecimento inconsciente', no qual dominamos tão bem certo conhecimento que nem pensamos mais nele. Depois de algum tempo de volante, entramos no carro, ligamos o motor, soltamos o freio, engrenamos as marchas e praticamos todos os atos necessários para rodar um veículo sem pensar muito neles. Aliás a maior parte do tempo em que dirigimos, pensamos em outras coisas, e não na direção.

Auto-ajuda ou auto-alienação?


Auto-ajuda ou auto-alienação???Ficamos indignados quando alguém atribui a pobreza, o desemprego e o sofrimento a "vontade de Deus", ou quando de forma racista diz de uma maneira mais impessoal que a "natureza fez alguns superiores e outros inferiores".Mas o que particularmente me deixa irritado é quando um instrumento de alienação ataca outro. Falo da auto-ajuda, esse sistema que tem servido ao capitalismo e enriquecido homens como o excêntrico Lair Ribeiro. Nas livrarias essa subcultura são as da mais vendidas, juntas com as do "mago" Paulo Coelho.É interessante notar que o sistema de auto-ajuda trás severas críticas a religião e aos limites supostamente impostos pela natureza, porém, de forma astuciosa consegue implantar uma outra forma de alienação. Veja o que diz o livro 'Convite a filosofia', página 172:"(...)quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque quer, porque é preguiçosa, ou perdulária, ou ignorante, está imaginando que somos o que somos somente por nossa vontade, como se a organização e a estrutura da sociedade, da economia, da política não tivesse qualquer peso sobre nossas vidas.(...)Há uma dupla alienação: por um lado, os homens não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, julgam-se indivíduos plenamente livres, capazes de mudar suas vidas individuiais como e quando quiserem, apesar das instituições sociais e das condições históricas. No primeiro caso, não percebem que instituem a sociedade; no segundo caso, ignoram que a sociedade instituida determina seus pensamentos e ações..."Portanto ao invés de lermos auto-ajuda que tal lermos 'filosofia' que nos induz a uma auto-crítica?

sexta-feira, 20 de julho de 2007

A necessidade da Filosofia


É interessante notar que o ser humano tem por natureza o desejo de entender a razão daquilo que o cerca. De fato, desejamos saber como explicar o mundo, a existência humana, a razão do sofrimento, e até a própria capacidade inquiridora do homem. Isso significa que num sentido mais geral todos somos filósofos. Ainda que não de modo consciente e sistemático, todos nós queremos entender a realidade com a qual convivemos. A diferença é que alguns são conscientes de que é impossível não ter uma visão de mundo, e estudam mais profundamente o assunto para melhor organizar os dados da realidade; outros, porém, formam uma visão da realidade não sistemática, insconscientemente de seus próprios valores. Mas, todos são obrigados a desenvolver, ainda que intuitivamente, uma teoria interpretativa da realidade. Foi por essa razão que o filósofo Blaise Pascal disse: "Zombar da filosofia é, em verdade, filosofar."

Sabedoria Oriental


Uma vez perguntaram a Confucio:

- O que mais o surpreende na humanidade?
E ele respondeu:

"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.

Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por nem viver no presente, nem no futuro.

Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido..."

Você é preconceituoso?


O escritor Gordon W. Allport apresenta cinco tipos de comportamentos instigados pelo preconceito. Quem é preconceituoso geralmente apresenta um ou mais desses tipos de comportamentos. Vale lembrar que o preconceito além de tocar na questão racial, também toca na religiosa, na social, na política, econômica, biológica e sexual.Que tal nos avaliarmos?

1.Comentários negativos. Falar depreciativamente sobre o grupo do qual a pessoa não gosta.
2.Evasão. Abominar estar na presença de alguém daquele grupo.
3.Discriminação. Excluir membros do grupo malquisto de certos tipos de emprego, moradia ou privilégios sociais.
4.Agressão física. Participar na violência cujo objetivo é intimidar as pessoas que se passa a odiar.
5.Extermínio. Participar em linchamentos, massacres ou programas de extermínio.

Um abraço!

As possibilidades de Spinosa


Havia duas possibilidades...a primeira era ser desonesto para consigo mesmo e não 'escandalizar' a comunidade em que estava inserido, e na qual desde a mais tenra idade havia aprendido de seus costumes, tradições e concepções morais; a outra seria ser ele quem realmente era, expor no que de fato acreditava, exprimir o que sentia no fundo de sua alma, e viver em conformidade com suas idéias. Decidiu pela segunda, e o resultado foi a expulsão e o terrível desprezo, que repercutiu nas palavras do texto de excomunhão da comunidade judaica de Amsterdam em 27 de julho de 1.656:
"Pela decisão dos anjos e julgamento dos santos, excomungamos, expulsamos, execramos e maldizemos Baruch de Spinosa...Maldito seja de dia e de noite;(...)Ordenamos que ninguém mantenha com ele comunicação oral ou escrita, que ninguém lhe preste favor algum, que ninguém permaneça com ele sob o mesmo teto ou a menos de quatro jardas(...)."

Para refletir: E quanto a nós? Estamos dispostos a sofrer pelos nossos ideais? Lutamos por aquilo que acreditamos ou aceitamos passivamente aquilo que nos é imposto? Tememos ser quem somos para agradar as pessoas, ou buscamos nossa felicidade independente das reações contrárias? O que é realmente mais importante: sermos felizes por estarmos de acordo com nós mesmos, ou infelizes por estarmos de acordo com os outros?
A vida é uma só: portanto não sacrifique sua felicidade!

A experiência de Schopenhauer


Ele havia idealizado para seu filho uma próspera carreira comercial, tendo isso em mente propôs uma série de viagens que seria importante para um futuro comerciante. Quem sabe que com aqueles "novos ares" seu filho tomaria gosto pelos negócios, e seu sonho poderia ser finalmente realizado?Alemanha, França, Inglaterra, Holanda, Suiça, Silésia e Áustria foram lugares visitados nesse percurso. Mas o jovem Arthur Schopenhauer via mais longe, não podia se enquadar no sistema, e o que de mais interessante fez nessas viagens foi redigir uma série de considerações melancólicas e pessimistas sobre a miséria da condição humana. Apesar de ter sido obrigado a entrar e cursar uma escola comercial, com a morte do pai(provavelmente suicídio), abandonou-a, e voltou-se a carreira universitária, dedicando-se aos estudos humanísticos como era seu desejo.Para muitos sua decisão era pura loucura, afinal não é sempre que se tem uma oportunidade de "berço" para ingressar no mundo dos negócios. De fato, o espírito elevado do filósofo não poderia ser confinado ao material e temporal, mas deveria dar vôos maiores, adentrar em novos horizontes e revolucionar o mundo dos pensamentos. Schopenhauer estava disposto a pagar o preço!

Para conhecer um pouco mais da biografia e filosofia de Schopenhauer leia os livros:
Os Pensadores - História da Filosofia, Will Durant - Ed.Nova Cultural
Os Pensadores - Schopenhauer - Ed.Nova Cultural
Dores do Mundo - Ed. Ediouro
Mundo como Vontade e Representação- Ed.Ediouro
Aforismos sobre filosofia da vida - Ed.Ediouro
Filosofia de Schopenhauer - Will Durant - Ed. Ediouro
LIvre-Arbítrio - Ed.Ediouro
Vontade de Amar - Ed.Ediouro

Filósofo do mês: Santo Agostinho


O que é o Tempo?
"...Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por consequinte, o tempo? Se ninguém mo perguntar, eu sei se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. Porém, atrevo-me a declarar, sem receio de contestação, que, se nada sobreviesse, não haveria tempo futuro, e se agora nada houvesse, não existiria o tempo presente.
De que modo existem aqueles dois tempos - o passado e o futuro - se o passado já não existe e o futuro ainda não veio? Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, já não seria tempo, mas eternidade. Mas se o presente, para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele existe, se a causa da sua existência é a mesma pela qual deixará de existir? Para que digamos que o tempo verdadeiramente existe, porque tende a não ser?" (Os Pensadores, Confissões, Santo Agostinho,página 322)