sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Auto-ajuda ou auto-alienação?


Auto-ajuda ou auto-alienação???Ficamos indignados quando alguém atribui a pobreza, o desemprego e o sofrimento a "vontade de Deus", ou quando de forma racista diz de uma maneira mais impessoal que a "natureza fez alguns superiores e outros inferiores".Mas o que particularmente me deixa irritado é quando um instrumento de alienação ataca outro. Falo da auto-ajuda, esse sistema que tem servido ao capitalismo e enriquecido homens como o excêntrico Lair Ribeiro. Nas livrarias essa subcultura são as da mais vendidas, juntas com as do "mago" Paulo Coelho.É interessante notar que o sistema de auto-ajuda trás severas críticas a religião e aos limites supostamente impostos pela natureza, porém, de forma astuciosa consegue implantar uma outra forma de alienação. Veja o que diz o livro 'Convite a filosofia', página 172:"(...)quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque quer, porque é preguiçosa, ou perdulária, ou ignorante, está imaginando que somos o que somos somente por nossa vontade, como se a organização e a estrutura da sociedade, da economia, da política não tivesse qualquer peso sobre nossas vidas.(...)Há uma dupla alienação: por um lado, os homens não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, julgam-se indivíduos plenamente livres, capazes de mudar suas vidas individuiais como e quando quiserem, apesar das instituições sociais e das condições históricas. No primeiro caso, não percebem que instituem a sociedade; no segundo caso, ignoram que a sociedade instituida determina seus pensamentos e ações..."Portanto ao invés de lermos auto-ajuda que tal lermos 'filosofia' que nos induz a uma auto-crítica?

Um comentário:

Eliel disse...

Fantástica essa sua colocação, problemas de oigens sócio-políticas as pessoas ja creditam à espiritualidade e lotam os templos evangélicos, ja creditam à demônios e lotam as seções de descarregos. Mais complicado ainda é que quando vamos às livrarias só encontramos nas vitrines livros de auto-ajuda, no metrô pessoas lendo quase em vol alta livros de Zíbia Gasbaretto.