sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Filósofo do mês: Baruch Spinoza




"Com efeito, as coisas que ocorrem mais na vida e são tidas pelos homens como o supremo bem resumem-se, ao que se pode depreender de suas obras, nestas três: as riquezas, as honras e a concupiscência. Por elas a mente se vê tão distraída que de modo algum poderá pensar em qualquer outro bem. Realmente, no que tange à concupiscência, o espírito fica por ela de maneira possuído como se repousasse num bem, tornando-se de todo impossibilitado de pensar em outra coisa; mas após a sua fruição, segue-se a maior das tristezas, a qual, se não suspende a mente, pelo menos a perturba e a embota.Também procurando as honras e as riquezas, não pouco a mente se distrai, mormente quando são buscadas apenas por si mesmas, porque então serão tidas como o supremo bem, (...), a honra representa um grande impedimento pelo fato de precisarmos, para conseguí-la adaptar a nossa vida à opinião dos outros, a saber, fugindo do que os homens em geral fogem e buscando o que vulgarmente procuram.(...)Em verdade aquilo que o vulgo segue não só não traz nenhum remédio para a consevação de nosso ser mas até o impede e freqüentemente é causa de morte para aqueles que o possuem e sempre causa de perecimento para os que são possuídos por isso. Existem, de fato, muitos exemplos dos que, por causa de suas riquezas, sofreram a perseguição até a morte, e também daqueles que, para ajuntar tesouros, se expuseram a tantos perigos que afinal pagaram com a vida a pena de sua tolice. Nem menos numerosos são os exemplos dos que, para conseguir a honra ou defendê-la, muitíssimo sofreram. Por último, há inúmeros exemplos dos que aceleraram a sua morte pelo excesso de concupiscência.(...) O maior bem é o conhecimento da união da mente com a natureza.(...) Quanto mais a gente sabe, melhor compreende suas forças e a ordem da natureza; quanto mais compreende suas forças ou seu poder, melhor será capaz de dirigir a si mesma e estabelecer as leis para si mesma; e quanto compreender a ordem da natureza, mais facilmente terá condições de libertar-se de coisas inúteis; o método é este." (Spinoza - Tratado da Correção do Intelecto, páginas 108-110)

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