sexta-feira, 25 de julho de 2008

Lições em Leibniz (Parte 3)


Qual o fundamento de todas as verdades?
Para Leibniz esse fundamento não pode ser a experiência, e passa assim a elencar as razões disso. Primeiro, os sentidos não são suficientes, visto que nos põem em contato apenas com verdades particulares ou individuais, o que não é suficiente para estabelecer a universalidade dessa verdade.Em outras palavras, se partimos de nossa experiência individual(e para isso usamos os sentidos) jamais poderemos determinar que essa experiência é universal e válida para todas as pessoas, épocas e locais, pois segue que aquilo que aconteceu conosco não acontecerá necessariamente da mesma forma com outra pessoa. Na verdade, o valor dos sentidos está em dar ocasião para prestarmos atenção ou percebermos as verdades inatas que existem em nós, assim como mais ou menos as provas servem a aritmética para melhor evitar o erro do cálculo quando o raciocínio é longo.
Segundo, como os homens são diferentes dos animais, não podem portanto serem regulados pela experiência. Os animais têm a impressão de que o que aconteceu com eles deverá se repetir, porque se guiam pela experiência, porém o homem tendo a consciência de que só a razão é capaz de estabelecer regras seguras, tendo ciência das exceções, inferindo conexões onde existem e rejeitando onde não as há, não pode se pautar unicamente pela experiência, mas por um princípio superior e inato.
Terceiro, mesmo os defensores do empirismo admitem idéias que não têm origem apenas na sensação, mas que provém da reflexão. E o que é a reflexão senão uma atenção aquilo que está em nós? E os sentidos não nos dão aquilo que já trazemos em nós. E se somos inatos a nós mesmos poder-se-ia negar que existem muitas coisas inatas em nosso espírito?
Por fim, é inconveniente concluir que nada pode ser desenterrado de dentro de nós, que nossa alma seja vazia,e que ela não é nada sem as imagens que recebe de fora. Mesmo em lousas vazias encontraremos algo que as diversifique umas das outras. E jamais se verá um plano completamente unido e uniforme. Sendo assim, não seremos capazes de fornecer de dentro de nós mesmos algum pensamento? Não estaríamos subestimando muito o ser humano?

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